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Maria em Paris

  • Foto do escritor: Samuel da Rosa Rodrigues
    Samuel da Rosa Rodrigues
  • 2 de jul.
  • 2 min de leitura

Maria tinha um problema: toda vez que acordava de madrugada para ir ao banheiro, surgia em um lugar diferente ao sair do quarto e tinha que descobrir como voltar.


Naquela noite, o destino era a França. Não era assim que imaginava conhecer Paris, mas pelo menos seu roupão era novo.


Entrou em uma padaria tradicional, que cheirava a café e crepes. Uma senhora de vestido vermelho a olhou de cima a baixo.


— Senhorita, de onde é essa moda?


Pelo menos tudo era traduzido em suas viagens. Maria estava apurada demais para inventar uma história melhor.


— De uma loja de departamentos da rua de cima. Onde é o banheiro, por favor?


Ela apontou para a porta com um croissant desenhado em uma plaquinha.


— O das mulheres é aquele ali. Óbvio.


A outra porta tinha um baguete desenhado. A comunicação era efetiva.


Quando saiu do banheiro, aliviada, conseguiu admirar o local. Um aroma de café invadiu seus pulmões. Quis ficar, mas sabia que era 3h da manhã na sua cama. O lugar era lindo, mas não era a conchinha do seu namorado.


Foi até a bancada e viu as comidas. O padeiro se aproximou.


— Seria um "sonho" se o senhor fosse um "doce" e me deixasse levar meia dúzia de pães de graça!


Nem toda barreira linguística era fácil. Ou ele não gostou.


— Já sei que meu senso de humor não atinge os franceses. Me vê meia dúzia desses, por favor?


O homem selecionou o que ela pediu e colocou em um saco. Não tinha dinheiro no roupão, então teria que correr e lembrar de tomar cuidado ao voltar para França depois. Era um desafio encontrar o caminho de volta, mas viu que uma das almofadas no sofá parecia-se muito com seu travesseiro de casa.


— E-eu tô me sentindo meio tonta, vou sentar um pouco, j-já lhe pago os pães...


Ela sentou no sofá e agarrou o travesseiro com força.


Acordou em casa, na cama, segurando os pães.


— Amor, teremos pão francês no café da manhã.


Léo acordou confuso.


— Mas eu não comprei nada!


Maria sorriu antes de abraçar ele.


— Confia na sua francesinha.


Na noite seguinte, Maria parou de beber líquidos mais cedo, e evitou ir ao banheiro de madrugada.


Mas então acordou com sede e quando levantou beber água, acabou em outro planeta.


Mas isso já é outra história.


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