Final de Campeonato
- Samuel da Rosa Rodrigues
- 2 de jul.
- 2 min de leitura
Mais uma final de campeonato terminava com um gol decisivo de Mateusinho. Custava a acreditar quando via a torcida usando a camisa com seu nome. Era exemplo para crianças no país todo. Sabia que o sucesso era fruto do seu esforço, talento e das oportunidades da vida. Mas tinha influência de algumas pessoas também.
Na beira do gramado, o repórter perguntou.
— Mateusinho, como foram os seus primeiros chutes?
— Foram na sala de casa!
— E seus pais deixaram?
— Sim! Dona Tânia e seu Tobias sempre me incentivaram!
Na lembrança, o tapete verde do campo deu lugar ao carpete antigo da sala. Era dia de festa. Mateusinho sentava no chão com os brinquedos que ganhou no aniversário de seis anos.
— Pai, vamos brincar de super-herói?
— Claro filho, vamos! — Tobias se ajoelhou — Eu sou o Caveira Cinza! E estou aqui para roubar o tesouro do Banco Nacional!
Mateusinho pegou outro brinquedo.
— Eu sou o Arco Dourado e vou impedir você!
O pai parou a brincadeira.
— O Arco Dourado não pode, filho. Ele é de outra editora. Usa outro boneco.
Mateusinho ficou confuso, já que nunca tinha escutado a palavra editora, mas sua cabeça não entendeu a negativa do pai como algo ruim. Pegou outro brinquedo e seguiu a cena.
— Eu sou a Pérola Negra e vou prender você! AH!
Seu pai impediu o ataque com a mão.
— A Pérola Negra é vilã também, filho. Ela até ajudaria o Caveira Cinza a assaltar o banco.
— Ah, eles são namorados?
— É complicado. Nos quadrinhos sim, mas no filme eles fizeram ela ser a mãe dele, ficou estranho, teve gente na internet que reclamou… deixa que o pai troca o boneco.
Tobias começou a analisar os outros presentes.
— O Coronel Dinamite é legal, mas essa é a versão dele do futuro, não dá. O Morcego é uma cópia descarada e processada. A Andorinha é legal, mas tá sem as asas. Esse era famoso nos anos 80, melhor deixar ele lá. Esse…
Enquanto o pai escolhia, Mateusinho viu um presente redondo ainda embalado. Foi com ele até sua mãe.
— Mãe, que isso?
— É claramente uma bola, filho.
— Eu posso brincar disso na sala?
Tânia viu o marido falando sozinho e riu diabolicamente.
— Hoje pode. Seu pai é o goleiro. Se você acertar ele vale dois gols. Final de campeonato!

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